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Sobre raves e bad trips. Sobre a vida.



 paraisos artificiais, filme, criticaPrazer, Giovana Quaglio. 2006.

 

Era só uma madrugada de sexta pra sábado e eu estava exausta. Há dias com a ideia na cabeça de assistir ao filme Paraísos Artificiais, produção nacional que teve uma repercussão super polêmica. Decidi terminar o sábado assistindo a um filme que imaginei ser bobo, que criasse algum tipo de estereótipo sobre quem gosta de raves e que só afirmasse o que passa na cabeça de 99% dos pais brasileiros. Enfim, eu só queria alguma coisa leve pra me ocupar.

Logo no começo do filme me identifiquei com a protagonista Erika, feita pela maravilhosa Nathalia Dill. Eu realmente não gosto de falar aqui no blog sobre essa época da minha vida, que aconteceu em 2006, mas eu posso afirmar que mesmo eu tendo viajado o mundo, tendo feito muitas coisas que nunca imaginei fazer – todas elas sensacionais – essa época foi a melhor. Foi quando fiz faculdade de moda em São José do Rio Preto, não tinha um “puto” no bolso e mesmo assim foi intensa demais. Eu frequentei durante muito tempo as raves, que até então eram vistas como “proibidas” e, mesmo que muitas vezes não fizesse nada de errado, tive minha juventude embalada às batidas do trance. A Erika é uma pessoa em busca de uma resposta, mas nem ela sabe pra qual pergunta. O cenário é o mundo das festas eletrônicas, mas poderia ser qualquer um. Eu não vou ficar comparando minha história com a história do filme, mas é incrível como certos detalhes foram buscados na raiz de uma juventude, um retrato fiel da minha geração. Hoje sei que milhares de pessoas devem ter passado pela mesma coisa que eu e isso me deixa anestesiada.

Eu comecei a escrever sobre a história do filme, mas apaguei. Mesmo que eu colocasse o roteiro inteiro aqui, não daria para passar o sentimento e a emoção envolvidos. Ao invés disso vou contar sobre uma menina que passou por descobertas, mexeu com coisas que pareciam erradas na vista dos outros, teve perdas muito grandes, soube lidar com as consequências e no final conseguiu continuar viva. Mesmo que com o coração destruído e vivendo por viver, essa menina seguiu em frente. Essa história de vida poderia servir para qualquer um de nós, mas no filme foi a história da Erika e na vida real foi a minha história. Eu vi um ano da minha vida resumido em menos de duas horas.

Eu acredito em destino. Eu tenho Maktub tatuado no meu pulso e o tempo todo eu afirmo que as coisas estão todas escritas. O final do filme não tem respostas, tem situações que te fazem acreditar que realmente nada é coincidência. E isso vai além, isso me faz acreditar que realmente tudo vai dar certo no final e que nada foi em vão. Enfim, ainda resta esperança. São tantos detalhes que me prendem à história do filme que até fico aqui me perguntando se o diretor não andou me seguindo! Durante o filme tive um choque de realidade que me fez concluir que eu realmente fiz parte de uma geração, realmente vivi intensamente o que daqui alguns anos vamos lembrar com tanta importância quanto os anos 60 ou 70. A história dificilmente vai fazer sentido para quem não é dessa geração, talvez passe apenas a idéia de “Sexo, drogas e Trance”, mas o que torna a minha geração diferente da turma do “Paz e Amor”?

Mas vou voltar a falar do filme tentando deixar o sentimentalismo de lado. Para quem gosta de música eletrônica a trilha sonora é de enlouquecer, acho que todo mundo vasculhou o Google procurando as músicas logo depois que o filme acabou. A pesquisa do diretor Marcos Prado foi tão intensa, que certas músicas que marcaram a época foram escolhidas a dedo e tão bem colocadas que não tem como explicar. Todas as pessoas que entram para o mundo da música eletrônica começam com psy e vão passando pelo electro e pelo prog. Isso foi delicadamente representado. Os atores incorporaram o personagem de uma maneira que faz arrepiar. Estou até agora apaixonada pelo Nando, interpretado pelo Luca Bianchi. O romance é incrível, a divisão do passado, presente e futuro, diferente de muitos outros filmes, tornou o enredo mais intrigante e nada confuso.

Passaria horas escrevendo sobre o longa que entrou para os meus favoritos da vida. Chorei que nem criança quando o filme acabou e chorei várias vezes enquanto escrevia esse texto. E sabe o que é pior? Não falei nada do que eu queria falar e estou escrevendo há mais de duas horas, escrevendo e apagando. Mas então é isso, que fique registrado o quanto Paraísos Artificiais é foda e o quanto mexeu comigo. Sobre o “bad-trips” que escrevi no título, uma frase explica tudo:

“A gente é o que a gente sente.”

 

Escrito ao som de Kaki King – Second Brain, Mogway – Burn Girl Prom Queen e Deadmau5 – Brazil.



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